sexta-feira, 9 de abril de 2010

07/04/2010

Nos despedimos da cidade de Almerin, com uma bela vista do amanhecer do dia, as margens do Rio Amazonas. Seguimos a diante, com destino a cidade de Monte Dourado/PA, que faz divisa com a cidade de Laranjal do Jarí/AP. Essas duas cidades não são unidas, fisicamente, pois existe o rio da divisa do Pará com o Amapá, então, cruzando o rio, de balsa, já estaríamos no estado do Amapá. As cidades foram criadas pelo projeto Jarí, que na década de 80 revolucionou a região, mudando a vida dos ribeirinhos e criando essas duas novas cidades.
Chegamos 30 minutos adiantados do horário da balsa, e resolvemos aguardar ali mesmo. Havia pequenos bares nas proximidades do porto, e fomos conhecer um pouco as coisas por ali. Apesar da cidade ser toda projetada, com asfalto nas ruas, saneamento, etc e tal, existem coisas que a população local não conhece, como por exemplo: água mineral com gás. Um dos expedicionários foi até um desses bares e solicitou ao atendente que lhe fosse servido uma água mineral com gás. O atendente respondeu com uma pergunta e uma afirmação, com um ar de que quem lhe pedia tal coisa era louco, e disse o segunte: “gais?? Não existem água com gais!”. Então uma sem gás atendeu a sede de nosso expedicionário, mas a curiosidade do desconhecimento deles ficou como lição para nós.
Às 13:00h, a balsa pública, que faz a ligação entre as duas cidades, partiu, nos levando até o estado do Amapá. Paramos num posto de gasolina, pois segundo informações recebidas na balsa, o proprietário do posto é jeepeiro e poderia nos dar maiores informações. Ele não estava, e conseguimos um motoqueiro como guia para nossa expedição. Em nossa planilha, e segundo informações coletadas, a cachoeira de Santo Antonio ficava a 14 km da cidade de Laranjal do Jarí, mas na verdade são 60 km de estrada de terra, mais 27 km de trilha na mata. O pessoal da cidade não acreditava que estávamos indo para lá de carro. Não entendíamos bem o motivo de tanta admiração, mas resolvemos enfrentar a trilha e seguimos em frente.
Entramos na trilha próximo as 15:00h, após fazer o deslocamento dos 60 km até a entrada da trilha,um ramal madeireiro desativado, que hoje é usado por castanheiros, e seguimos por ela até sem grandes dificuldades. Mas a coisa foi complicando, a mata foi fechando, e concluímos que o motoqueiro foi crucial para nosso sucesso, pois além de ter várias encruzilhadas e bifurcações, a mata é fechada, ruim de se orientar, e havia mais de 30 arvores caídas, algumas com o topo da árvore na trilha, com muitos galhos, dificultando a limpeza para passar. Também tivemos um ataque de formigas, elas estão presentes nas maiorias das árvores caídas, mas em uma delas o ataque foi especial, tivemos que auxiliar os companheiros para tirá-las do corpo. A chuva foi outro fator complicador, deixando a estrada e pontes mais lisas, e a verificação da existência e da estrutura das pontes onde passaríamos ficou prejudicada com o cair da noite, pois boa parte da trilha, principalmente a parte mais complicada, foi feita a noite.
Chegamos com sucesso ao povoado de Santo Antonio da Cachoeira, por volta da 22:40, daí entendi o ar de admiração do povo da cidade, e para nossa sorte era quarta-feira. Na quarta eles desligam o gerador mais tarde para assistir ao futebol na TV. Em nossa chegada as luzes das casas estavam ligadas, e seguimos até a casa do morador mais antigo da localidade, Sr Raimundo Nonato, que gentilmente nos cedeu o salão comunitário para pernoitarmos, salão esse que atualmente é utilizado como igreja, pois o telhado da igreja está em reformas.
Logo que nos acomodamos as luzes apagaram, como já era previsto. Nesta noite eles atrasaram um pouco mais o desligamento da luz devido a nossa chegada. Nosso cheff preparou uma noite de queijos e vinhos, e jantamos a luz de velas. Sr Raimundo nos acompanhou durante o jantar e revelou que a aproximadamente 4 anos que não recebia uma visita de carro, e que na manhã seguinte iria contratar um pessoal para abrir a estrada para que pudesse chegar o material para reforma da igreja, pois eles tem acesso a cidade somente pelo rio. Então, em nossa diversão, acabamos fazendo uma boa ação. Agora a localidade tem acesso novamente a cidade (via estrada), e o serviço de limpeza da estrada foi feito gratuitamente.
Nesta noite garanto que todos dormiram bem, pois todos se esforçaram e trabalharam para que a expedição chegasse a localidade.

Um comentário:

  1. Parabens Fabiano,vcs são de coragem em encarar esses trechos,gostei de ler os relatos vou acompanhar outras aventuras de vcs se colocarem no blog novamente,valeu mesmo ,me Chamo Paulo César Grandini,morei em Marcelândia 18 anos e faz 11 anos que moro em Lages Santa Catarina,até mais ......

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